TAP Air PortugalO SITAVA - Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos considera que a notícia de mais uma alteração provisória do Conselho de Administração da TAP, com reflexo também na Comissão Executiva, revela desnorte e insegurança, "quando o sofrimento dos trabalhadores se acentua com o prolongamento dos cortes salariais", e numa altura em que o órgão executivo deveria estar alinhado com o projecto de uma TAP robusta ao serviço da economia nacional.

Comunicado do SITAVA:

A ESTABILIDADE SERÁ VITAL PARA A RETOMA

Mais uma vez a TAP foi notícia, e mais uma vez também, não pelos melhores motivos. Fomos surpreendidos no fim da passada semana com a notícia de mais uma alteração provisória(?), do Conselho de Administração, com reflexo também na Comissão Executiva. Se para o comum dos mortais esta notícia surge apenas como mais uma, talvez surpreendente, para os trabalhadores do Grupo TAP, – sim porque estas alterações afetam todo o grupo – não pode ser encarada apenas dessa forma.

Quando o sofrimento dos trabalhadores se acentua com o prolongamento dos cortes salariais, e se assiste à diminuição da atividade do transporte aéreo, é essencial que, da parte da gestão, seja transmitida aos trabalhadores uma mensagem de estabilidade e confiança, e não esta que denota precisamente o contrário, desnorte e insegurança. Quando mais necessário era, termos uma Comissão Executiva alinhada com o projeto de uma TAP robusta ao serviço da economia nacional, surge mais esta alteração e a entrada de novos membros obrigará inevitavelmente a mais um período de adaptação.

Provocada por esta e por outras situações, vive-se no seio da empresa um clima de ansiedade e angústia que gera e alimenta uma onda de boatos, que apenas dificulta o discernimento coletivo, indispensável para enfrentar a difícil situação que atravessamos. A propósito de tudo isto, talvez valha a pena recordar aqui posições já anteriormente assumidas pelo SITAVA, em relação à tão falada reestruturação em curso.

Reafirmamos que não existem manuais sobre restruturações de companhias aéreas. Somos realistas e sabemos que os ajustamentos já estão a ser impostos pela diminuição da procura, mas recusamos liminarmente os cortes cegos. Existem custos de variadíssimas naturezas e a redução dos ditos deve ser procurada onde realmente existe o excesso.

Todos sabemos, e há muitos anos, que a aventura brasileira na VEM apenas gerou centenas de milhões de euros de prejuízos e que, inexplicavelmente, tudo continua “na paz dos anjos”. O que se espera então para resolver essa situação? Entende a Administração que ainda não são suficientes os prejuízos causados, tanto financeiros como nos milhões de horas de imobilização da frota? Então que faça rapidamente as contas e acabe de vez com este acintoso sorvedouro.

De igual modo, o que espera a Administração para, de forma transparente, comunicar aos trabalhadores os resultados das renegociações dos “leasings” dos aviões? E dos resultados da entrega aos “locadores” das aeronaves mais antigas que estão a ser abatidas? E ainda daquilo que se fala na comunicação social acerca da manutenção ou não das encomendas de mais aviões novos? Tudo isto conta e muito, e a falta de transparência na comunicação, contribui decisivamente para a enorme confusão que se vive atualmente no seio da empresa.

Como é também fortemente sentido por todos nós, o crescimento desordenado da frota nos últimos anos, de que os trabalhadores não são de todo responsáveis, e a incompreensível

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ausência de investimento na M&E, foram causa próxima para que, mais de metade da frota da TAP, seja assistida fora de Portugal bastas vezes sem a qualidade que a manutenção e engenharia da TAP garante em todos os trabalhos que realiza. E isto não é preocupação para a Gestão? Estão contabilizadas as penalizações tanto financeiras como em horas de imobilização, que esta situação tem provocado e ainda provoca? Temos seríssimas dúvidas, mas se as tiver então que as divulgue e informe os trabalhadores das poupanças conseguidas com estas práticas, quanto a nós fortemente lesivas, da empresa e do país.

É para o SITAVA imperioso e vital que, desde já, se prepare o investimento na M&E para que, com o fim da aventura brasileira que deve acontecer no imediato, a manutenção de toda a frota seja assegurada pelos trabalhadores da TAP. Esta é também uma forma de criar emprego qualificado em Portugal, coisa de que o nosso país tanto necessita.

Por fim, é bom esclarecer os trabalhadores em relação às muitas ameaças – ainda que veladas – que surgem por todo o lado, tentando desestabilizar o nosso dia a dia. Por tudo o que atrás dizemos fica muito claro que só existe excesso de MDO no pessoal de terra, em algumas “cabeças” que apenas pretendem condicionar as nossas vidas, sabe-se lá com que intenções. Mais uma vez reafirmamos: as reduções de custos devem ser procuradas onde estes existem realmente em excesso. Como diria um antigo primeiro ministro, não é difícil, “é só fazer as contas”.

Apenas como nota final. Pela importância do assunto, reproduzimos aqui um trecho que publicámos no nosso último comunicado, e para o qual chamamos a atenção de todos.

“Acerca da contratação coletiva, vale a pena aqui assinalar, que no passado dia 24, fez 50 anos que foi assinado o primeiro Contrato Coletivo de Trabalho, aplicado aos trabalhadores da TAP. Foi assinado pela TAP e por 14 sindicatos representativos dos seus trabalhadores precisamente no dia 24 de setembro de 1970. A contratação coletiva é, portanto, sinónimo de progresso e de avanço civilizacional. Que ninguém pense alguma vez acabar com ela”.

06-10-2020

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