EDP DIVIDENDOS SALARIOS«E para os trabalhadores?» - interroga a Fiequimetal, num comunicado sobre a assembleia geral da EDP, que ontem decidiu, mais uma vez, distribuir aos accionistas milhões de euros (quase 695) em dividendos e premiar os administradores com salários principescos.


Numa assembleia geral que decorreu com recurso a meios audiovisiais, os accionistas da EDP aprovaram ontem, dia 16, a proposta do Conselho de Administração para pagamento de 694,74 milhões de euros, de dividendos relativos a 2019, ano em que os lucros consolidados foram de 511,7 milhões de euros.

Num comunicado hoje emitido, a comissão negociadora sindical liderada pela Fiequimetal observa que foi cumprido escrupulosamente o calendário previsto e foram satisfeitos os desejos pretendidos.

Parece que a pandemia só prejudica as negociações salariais, pois os compromissos com os accionistas e com os fornecedores estão a ser cumpridos, de acordo com a mensagem do CEO António Mexia.

Como também já era expectável, foram decididos os honorários para os membros dos corpos gerentes das empresas do Grupo EDP, incluindo os diversos conselhos de administração, os quais poderão atingir mais de 16,5 milhões de euros.

Importa salientar que os custos com os trabalhadores em 2019 foram de apenas 620 milhões, para o universo de 12 mil trabalhadores da EDP, a nível mundial.

Estes números são, para a CNS/Fiequimetal, a prova de que as suas posições estão certas, quando à mesa das negociações contraria os representantes da administração, que afirmam que o último ano foi péssimo para a empresa.

Ora, segundo o presidente do Conselho Geral e de Supervisão, a empresa «está bem» e por isso não faria sentido não pagar os dividendos.

Então também fará sentido aumentar os salários dos trabalhadores, que são a alavanca da empresa e dos seus grandiosos dividendos.

A administração, depois desta assembleia, não pode continuar a recusar negociar a revisão salarial e, muito menos, permanecer no nível dos valores que propôs até suspender o processo.

É preciso retomar as negociações, para dar mais valor a quem trabalha.

Reunião dia 15

Suspensas as negociações salariais, prosseguem reuniões com a CNS/Fiequimetal, por videoconferência, sobre a situação actual.

«Não temos administração para negociar tabela salarial, só para distribuir lucros aos accionistas», destacou-se no comunicado sobre a última destas reuniões, ocorrida no dia 15 de Abril, quarta-feira.

A CNS/Fiequimetal questionou a administração sobre o ataque informático de que a EDP foi alvo, solicitando informação sobre quais os dados que foram roubados e que meios se prevê implementar para evitar futuras ocorrências deste tipo.

Foi ainda questionada a situação da venda de activos. A empresa informou que estão a ser cumpridos os tempos estipulados. Sobre os activos hídricos do Douro Internacional, afirmou que está a tomar medidas para a negociação com os trabalhadores, tentando que decorra com normalidade.

Os representantes sindicais reiteraram que, na avaliação de desempenho, as estatísticas anteriores não podem condicionar a atribuição das avaliações merecidas pelos trabalhadores.

A administração foi alertada que deve fiscalizar a aplicação das normas da Direção-Geral de Saúde pelos prestadores de serviços, nomeadamente nos centros de contacto, cujos trabalhadores, que devido ao ataque informático, foram forçados a voltar às instalações para o bom desempenho das suas funções.

O envio do Relatório Único, uma obrigação legal cujo cumprimento a Fiequimetal tem reiteradamente exigido, foi mais uma vez adiado com a desculpa do costume (o regulamento de protecção de dados), que é inadmissível, visto que já passou tempo suficiente para estar resolvida esta situação.

A próxima reunião ficou marcada para dia 22.

FONTE: FIEQUIMETAL