Os trabalhadores têm de ser valorizados e não tratados como peças descartáveis. A luta dos trabalhadores continua a ser, como sempre, elemento decisivo para resistir, defender, repor e conquistar direitos.
A resolução dos problemas dos trabalhadores passa pela sua unidade, organização e pela construção coletiva que desenvolva a luta pela defesa dos seus direitos.
Foi neste sentido que o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios e Serviços, Hotelaria e Turismo, Transportes e Outros Serviços dos Açores (SITACEHTT/Açores) e os seus associados marcaram uma jornada de luta no setor privado, na Ilha Terceira, para a próxima sexta-feira dia 07 de junho, com uma concentração de trabalhadores pelas 10h00 na Praça Velha, em Angra do Heroísmo.
No setor das creches, jardins de infância e ATLS, das Instituições Particulares de Solidariedade Social esta jornada de luta é extensível a toda a Região, com uma greve convocada para o dia 07 de junho.
Consideramos fundamental que as questões da conciliação da vida profissional com a vida familiar e pessoal sejam discutidas, sempre na perspetiva de melhorar a vida quotidiana dos trabalhadores e das suas famílias que diariamente se confrontam com um conjunto de condicionamentos e limitações resultantes precisamente da dificuldade de conciliar as diferentes esferas da sua vida.
Para assinalar a necessidade de trazer à discussão publica os problemas dos trabalhadores do setor privado da Terceira, sobretudo com os horários de trabalho e a necessidade da aplicação do horário de trabalho das 35 horas a todos os trabalhadores, foram marcadas greves em várias empresas e entidades empregadoras da Ilha, para dia 7 de junho, nomeadamente na INSCO, no Centro de Fabricação dos Açores, na SPORTESSENCE, na EMATER, na PRONICOL, na UNICOL e nas Instituições Particulares de Solidariedade Social. Na MOBIAZORES, na AZORES ON ROUTE a greve será dias 6 e 7 de junho.
OS trabalhadores pretendem demonstrar que o trabalho tem uma profunda influência na vida pessoal e familiar, não só porque se trata do principal meio de subsistência das famílias e do modo de realização pessoal dos indivíduos, mas também porque os modos de organização do trabalho condicionam decisivamente a organização familiar.
A conciliação da vida profissional com a vida pessoal e familiar passa, em primeiro lugar, pela organização e redução do tempo de trabalho. A baixa natalidade no nosso país e sobretudo na nossa região não é uma fatalidade. O adiamento da maternidade e paternidade, e a existência de cada vez mais famílias com um único filho, são também consequência da desregulação dos horários e das longas jornadas de trabalho.
Os Açores são uma das regiões da União Europeia onde se trabalha mais horas por semana. O prolongamento generalizado e a constante irregularidade dos horários e tempos de trabalho são incompatíveis com a necessária conciliação da vida profissional com a vida pessoal. O alargamento e a desregulação dos horários de trabalho são dos principais problemas com que hoje se debatem os trabalhadores.
O trabalho por turnos, à noite, ao sábado ou ao domingo e os horários desregulados fazem parte do quotidiano e têm crescido nas últimas décadas. Ao mesmo ritmo, têm aumentado problemas associados às longas jornadas de trabalho e aos riscos profissionais.
Num momento em que na região tanto se fala de responsabilidade social, da baixa natalidade, despovoamento esta é uma oportunidade para se fazer algo que ajude a reverter esta tendência.
Por isso, o SITACEHTT/AÇORES realizou no dia 07 de junho a jornada de luta pela redução do período normal de trabalho máximo para as 35 horas semanais, sem aumento da jornada diária e sem redução de retribuição, para todos os trabalhadores açorianos, porque esta redução é possível, justa e necessária.
O tempo de trabalho foi e continua a ser um dos pilares fundamentais da luta por condições de trabalho e de vida mais dignas. As sucessivas reduções do tempo de trabalho alcançadas ao longo da história são uma das grandes conquistas civilizacionais, não apenas dos trabalhadores, mas da humanidade.
FONTE: Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios e Serviços, Hotelaria e Turismo, Transportes e Outros Serviços dos Açores