manif2O trabalho não pago tem vindo a aumentar escandalosamente nos últimos anos no sector turístico no Algarve, chegando em certos casos a haver autênticas situações de escravatura devido aos longos períodos de trabalho sem qualquer tipo de remuneração ou então pago de forma miserável, denunciou o Sindicato da Hotelaria do Algarve.

FONTE: Sindicato da Hotelaria do Algarve

Num Comunicado de Imprensa, divulgado na sexta-feira, o Sindicato da Hotelaria do Algarve divulgou que:

"São milhares os trabalhadores e as trabalhadoras no Algarve que ou não são pagos ou então são muito mal pagos pelo trabalho que fazem, sujeitando-se a condições de trabalho bastante desgastantes, levando em alguns casos a situações de esgotamento. O trabalho não declarado, as horas a mais não contabilizadas, a violação do direito ao descanso semanal e do direito a férias, os bancos de horas, a flexibilização dos horários, os salários em atraso, entre outros, são uma realidade cada vez mais dramática para um número cada vez maior de trabalhadores."

"Um exemplo gritante dessa negra realidade é o número cada vez maior de estagiários que as empresas utilizam para ocuparem postos de trabalho efectivos, muitos a desempenharem todo o tipo de tarefas de forma indiscriminada. Estima-se que sejam milhares os jovens, muitos apenas com 15 e 16 anos, vindos de todo o país e da região, que pagam as suas deslocações, comem e dormem nas unidades hoteleiras, sujeitos a todo o tipo de pressões e chantagens para trabalharem mais horas do que aquelas que o plano de estágio obriga, havendo casos em que chega a atingir as 12 e mais horas diárias, sem qualquer tipo de protecção, havendo relatos de que mesmo depois de exporem estas situações ao responsável do curso nada se alterou."

"No Algarve, praticamente todas as empresas do sector, principalmente os grandes grupos hoteleiros, estão a recorrer a esta mão de obra altamente explorada. O Grupo Pestana, grupo liderado por Dionísio Pestana, que entrou esta ano para a lista dos dez mais ricos do país, e que conta com 12 unidades hoteleiras no Algarve, metade das quais em Alvor, em Portimão, é um exemplo desta dramática situação em que se encontram dezenas de estagiários. Em Alvor, estes estagiários ficam alojados em apartamentos sem condições, havendo pelo menos um apartamento onde já chegaram a estar 28 estagiários e outro apartamento onde já chegaram a estar 16. Estes estagiários, que na prática não estão a estagiar mas sim a trabalhar e muito, sujeitam-se a esta exploração desumana porque a nota final do estágio pode ficar comprometida."

"Este é o resultado da política de direita do Governo PSD/CDS, que ao invés de promover uma política que crie trabalho com direitos, antes promove os estágios apoiando as empresas com dinheiros públicos para estas explorarem brutalmente estes jovens que no final do curso ficam, na sua grande maioria, no desemprego sem perspectivas de futuro."