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FORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO SINDICAL
ulissesgarridoULISSES GARRIDO
Membro do Conselho Nacional

ULISSES GARRIDO

Membro do Conselho Nacional

 

 

FORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO SINDICAL

 

Camaradas

Aproveitemos estes minutos para reflexão…

Existe ou não uma cultura de aprendizagem nas nossas organizações? Se não, é mesmo preciso ver como ultrapassar a situação.

É importante dizer aqui e agora que desde há quatro anos temos a Formação Sindical mais presente nos discursos, nos programas de acção e nas preocupações. Temos mais conteúdos e mais recursos didácticos. Fizemos mesmo, em toda a estrutura, globalmente, mais acções e actividades de formação dos quadros sindicais.

Mas, camaradas, mesmo assim fazemos pouco para as necessidades. E há mesmo estruturas do movimento sindical sem investimento algum na Formação Sindical.

É isto que é preciso corrigir. O próximo mandato precisa de levar à prática um investimento considerável na formação dos quadros e respeitar, para todos os quadros a tempo inteiro, o direito às 35H de formação anual.

Mas porquê? Porque insistimos tanto na Formação Sindical?

Porque todo o conhecimento e prática convergem em considerá-la um instrumento essencial para as organizações dos trabalhadores.

  1. É um meio para reforçar as capacidades dos Sindicatos;
  2. É uma formação política, que está ao serviço da política, da estratégia e dos objectivos dos sindicatos;
  3. Proporciona a troca de experiências e contribui para o aperfeiçoamento da acção, para a motivação e mobilização dos quadros;
  4. Cria relações, tece solidariedades, cria identidade, suporta a unidade;
  5. É crucial nos esforços para sindicalizar e organizar os trabalhadores;
  6. É um essencial momento de paragem – é o zen no meio do stress – que dá para pensar, analisar, criar, visionar.

Porém, camaradas, não há formação sem formadores.

A nossa opção de ter formadores sindicais ligados à acção sindical é uma opção correcta, mas só o é se os sindicatos se dotarem de formadores, apostarem na sua formação e lhes atribuírem tempo para preparação e avaliação.

Em particular, os Jovens que vão chegando elevam a exigência de uso de tecnologias educativas e de aperfeiçoamento de métodos activos e participativos de formação.

Não esqueçamos, porém, que o primeiro momento de aprendizagem é a participação na actividade sindical.

É depois essa acção que é reflectiva e discutida colectivamente, a que se juntam outros saberes e as experiências doutros sindicalistas, que constrói, que capacita os quadros para melhor agirem no local de trabalho e para uma leitura critica do presente e para a fundamentação crítica do futuro.

Tudo num processo formativo que tem de ter coerência democrática. Isto é, não pode haver uma prática política que esteja em contradição com os conteúdos da formação

A acção sindical de hoje é exigente e obriga a conhecer bem a realidade para poder transformá-la e a ter conhecimentos vastos sobre muitas áreas de trabalho.

A todos os níveis da acção sindical precisamos de quadros preparados, capazes de interpretar a realidade, de reagir em momento oportuno de forma consistente, de construir laços entre os trabalhadores, de acrescentar unidade e de dar corpo ao ser sindicato e ao ser CGTP.

Precisamos por isso de apostar decididamente na Formação Sindical de quadros, de activistas e formadores sindicais, uma formação que habilite e qualifique, que seja ideológica e política, que ajude a construir a consciência de classe e que prepare para a acção, garantindo o seu bom êxito.

A par da formação sindical, a nossa comunicação também cumpre um papel ideológico imprescindível.

É pela nossa comunicação e pela informação e propaganda em particular que divulgamos as nossas posições e propostas, que desmontamos e atacamos as posições do patronato e as políticas dos governos que se nos opõem, que informamos e mobilizamos, que esclarecemos e unimos.

A comunicação sindical tem de ser muito aperfeiçoada – talvez principalmente a capacidade de distribuição, para chegar mais longe e a mais trabalhadores.

Por outro lado, precisamos que a informação circule, que chegue à central e que em todo o lado haja uma espécie de correspondente local, capaz de informar, captar imagens, enviar sons.

E também na capacidade de produzir propaganda mais específica, para destinatários mais precisos – com uma estratégia comum. E ainda no progressivo uso e diversificação de tecnologias de comunicação.

Se é verdade que na sociedade de massas, a comunicação de massas é uma ferramenta indispensável, é pela nossa propaganda que informamos, esclarecemos e mobilizamos. E é a única de fidelidade garantida ao nosso querer.

Mas atenção: não há acção sindical sem propaganda, mas propaganda só por si não é, nem basta, não substitui, nem garante o êxito da acção sindical.

Sabemos que 4 em cada 5 trabalhadores é pela televisão, jornais ou rádios que recebem informação da acção da CGTP. 1 em cada 10 é pela net e só cerca de 1 em cada 20 se informa pelos meios dos sindicatos. È preocupante, dá que pensar e obriga a corrigir opções há muito adquiridas.

Formação Sindical e comunicação sindical são dois instrumentos ao nosso dispor e a usar aperfeiçoadamente para reforço da coesão, para eficácia da acção sindical e para construir poder reivindicativo e negocial.

Formar e informar é parte essencial da batalha ideológica, uma batalha difícil, prolongada, que não dá tréguas e que, por agora, não estamos a ganhar.

Formamos para fortalecer a acção sindical.

Vejamos pois o que se faz, os resultados, e se fortalece ou não. Ou seja: avaliemos.

Vejamos pois as deficiências da informação – e sem ignorar os custos que nos limitam, nem as dificuldades de organização nas empresas, é na capacidade de distribuição e de contacto que precisamos dar um salto de gigante. As nossas quantidades são pequenas, mesmo quando a qualidade é boa.

Mas olhemos em frente.

Vejamos como criar capacidade.

Como dedicar recursos e cuidar dos conteúdos.

Como descentralizar e capacitar.

Vejamos como avaliar.

Pela formação e pela Comunicação passam os valores pelos quais lutamos.

Tocamos o essencial, a razão de ser, a aspiração final, a ideologia.

Com a vida global que vivemos FORMAR E INFORMAR

MAIS E MELHOR

Ajuda a mudar o mundo.

E o mundo todo bem precisa de ser mudado…

 

Viva o XI Congresso da CGTP!

Vivam os Trabalhadores!

 

Lisboa, 16 de Fevereiro de 2008

 
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