PERSPECTIVAS ECONÓMICAS MANTÊM-SE PREOCUPANTES APESAR DO CRESCIMENTO DO PRODUTO NO PRIMEIRO TRIMESTRE
A CGTP-IN deseja obviamente que a situação do país e dos trabalhadores melhore, mas não vê razões para deixar de se manter preocupada dado que as políticas económicas e sociais levadas a cabo pelo Governo se mantém e uma vez que o contexto internacional se está a agravar.

Comunicado de Imprensa n.º 043/08

 

PERSPECTIVAS ECONÓMICAS MANTÊM-SE PREOCUPANTES APESAR DO CRESCIMENTO DO PRODUTO NO PRIMEIRO TRIMESTRE

 

1.Foi hoje divulgada diversa informação essencial para compreender a evolução da economia do país: Inquérito ao Emprego do 2º trimestre; Índice de Preços no Consumidor do mês de Julho; estimativa rápida das Contas Nacionais Trimestrais. Foi também divulgada informação sobre as Contas Nacionais e a inflação da UE.

 

2.As estatísticas apontam para uma evolução positiva da economia no segundo trimestre, para a diminuição do desemprego e para a redução da inflação durante o mês de Junho. A CGTP-IN deseja obviamente que a situação do país e dos trabalhadores melhore, mas não vê razões para deixar de se manter preocupada dado que as políticas económicas e sociais levadas a cabo pelo Governo se mantém e uma vez que o contexto internacional se está a agravar.

 

3.O PIB cresceu 0,4% no segundo trimestre mas o consumo interno mantém-se estagnado devido quer ao elevado desemprego quer ao facto de uma parte substancial das famílias estar a sofrer fortes aumentos nos encargos com os juros de empréstimos à habitação; por sua vez, não se perspectiva que os salários aumentem o poder de compra este ano, caindo mesmo nalguns sectores como na Administração Pública. Mais grave ainda é o facto de a União Europeia poder estar à beira de uma recessão. O produto diminuiu (-0,1%) na UE sendo a quebra mais acentuada área do euro (-0,2%), no segundo trimestre deste ano. É sobretudo preocupante a quebra ou estagnação nos países que são os nossos principais parceiros comerciais: Espanha (0,1%), Alemanha (-0,5%), França (-0,3%) e Reino Unido (0,2%).

 

4.A situação no mercado de trabalho, ainda que tenha melhorado no 2º trimestre, poderá vir a degradar-se no futuro, se a situação nos principais países europeus não melhorar e se as recentes previsões económicas do Banco de Portugal se confirmarem. O quadro global mantém-se desfavorável já que a taxa de desemprego continua alta (7,3%). A precariedade de emprego acentuou-se atingindo um novo recorde: 23,3% dos trabalhadores por conta de outrem não têm contratos permanentes face a 22,2% no segundo trimestre de 2007. Em 2005, esta taxa era de 19,5%.  Por outro lado, o desemprego de longa duração representa 50,1% do total face a 49,1% no trimestre homólogo de 2007.

 

5.A taxa de inflação teve uma variação mensal de -0,6%. Esta diminuição é essencialmente explicada pela diminuição da classe de vestuário e calçado (-8,1%) devido às promoções e aos saldos de Verão. A diminuição é assim largamente conjuntural pelo que não é de esperar que a inflação fique longe da previsão do Banco de Portugal (3%). É de salientar que mesmo na hipótese dos preços do consumidor, que constam do cabaz do INE, serem congelados até ao final do ano, ainda assim a inflação média anual seria de 2,8%.  

 

 

DIF/CGTP-IN

Lisboa, 2008-08-14