Num momento em que estão a ser negociados os contratos do Grupo EDP com as empresas prestadoras de serviços, o Governo deve intervir para estabelecer regras que ponham um travão aos subterfúgios da subcontratação, que deixam os trabalhadores sempre a perder.
Há que travar agora a precariedade que alimenta os lucros da EDP - reclama a Fiequimetal, numa nota hoje divulgada à comunicação social.
A negociação é uma «dança das cadeiras», promovida pela administração do Grupo EDP, para explorar ainda mais os trabalhadores das empresas prestadoras de serviços. Mas, se o Governo quiser, esta pode ser a hora de travar a precariedade extrema que alimenta os lucros colossais da EDP.
Pela situação laboral de permanente incerteza, vivida por milhares de trabalhadores que são a cara e a voz da EDP, nos centros de contacto, nas lojas e nos serviços de backoffice, a federação acusa a administração do Grupo EDP, como principal responsável, e os sucessivos governos PSD/CDS e PS, como cúmplices.
Para os colossais lucros acumulados nos últimos anos, sempre a rondar os mil milhões de euros por ano e com uma parte significativa entregue aos accionistas, contribui em muito a externalização de serviços essenciais ao funcionamento da actividade das empresas do Grupo EDP.
A instabilidade laboral, em que vivem mais de três mil trabalhadores, sustenta os colossais lucros de uma empresa que vende, para fora, uma imagem de excelência mas que, lá dentro, apresenta insegurança, baixos salários e repressão, recorrendo para tal a um conjunto de multinacionais do trabalho temporário, como a Randstad, a Manpower, a Egor, a Synchro e outras.
Em vez de propaganda, exige-se acção, sublinha a Fiequimetal.
Quando a EDP negoceia, com os prestadores de serviços, o resultado é que os trabalhadores perdem para que estas duas partes ganhem muito.
No actual momento de negociação dos ditos contratos, podem estar em perigo mais de 400 postos de trabalho, por um expediente que, com a conivência da EDP, tem como pretexto e pano de fundo a mudança de empresas prestadoras do serviço.
A EDP cinicamente remete o problema para as leis de mercado e da concorrência, como se os trabalhadores fossem mera mercadoria, condenados a viver em cima do arame, sob a chantagem de perderem o seu emprego.
Esta grave situação exige a intervenção do Governo.
- O Governo deve pôr em prática o que anuncia na tão propalada «agenda para o trabalho digno» e deve intervir junto da EDP, para estabelecer regras que ponham um travão aos subterfúgios da subcontratação.
- É preciso garantir que são cumpridos os princípios de vínculos estáveis, para quem ocupa postos de trabalho permanentes, e de salário igual, para trabalho igual.
- É preciso assegurar que os trabalhadores dos prestadores de serviços da EDP estabilizem os seus empregos, que sejam respeitados os seus direitos, consagrados na Lei e na Constituição da República, e que sejam valorizados os seus salários.
Em todas as ocasiões anteriores, os governos colocaram-se sempre do lado da intensificação da exploração do trabalho.
Se esta triste tradição não se alterar, alerta a Fiequimetal, resta a melhor garantia da defesa dos interesses e direitos dos trabalhadores: reforçar a unidade, aumentar a organização e a sindicalização, prosseguir a luta sob as formas que se mostrem mais adequadas, tanto em cada empresa, como junto da EDP e junto do Governo.
Nesta direcção prosseguirá a acção da Fiequimetal e dos seus sindicatos no universo da EDP (SIESI, SITE Norte, SITE Centro-Norte e SITE CSRA).
Fonte: Fiequimetal