Call Centers da “NOS” em intermitente
Trabalhadores decidem greve descontínua para todo o mês de agosto
Greve em 3 períodos do dia: 00H00 – 02H00 / 07H00 -11H00 / 14H00 – 21H00
Inicio às 00h00 do dia 1 de agosto e termina às 02h00 do dia 1 de setembro
O Aviso-Prévio de Greve emitido pelo SINTTAV nos termos da Lei abrange trabalhadores da Manpower, Randstad, Synchro e The Bridge (Egor), Rhmais, seja qual for a sua atividade, local de trabalho e regime de horário.
Esta greve a realizar em 3 específicos períodos de cada dia, terá início às 00h00 do dia 1 de agosto e termina às 02h00 do dia 1 de setembro. Porquê esta greve?
Como sabemos, em telecomunicações, apesar de ser um negócio de muitos milhões, a vida de quem trabalha num call center, numa loja ou num BackOffice, continua a ser de pura «exploração» com salário mínimo, sem profissão reconhecida, com horários desregulados, contratos com duração incerta e tratados como objectos descartáveis.
Os anos passam a ganhar o mínimo para trabalho altamente qualificado, para as empresas a valorização do trabalho não é tema importante porque a preocupação está sempre no lucro, não importa a qualificação das funções, a antiguidade e/ou a experiência profissional, a referência é o salário mínimo nacional e a evolução depende da boa vontade política dos governos, e esta pode adiar no tempo, mas, o custo de vida é sempre a subir…
Estas empresas procuram “enganar” os trabalhadores com remunerações variáveis, alegam que é para «compensar» o salário mínimo, os ditos prémios, mas, é mesmo para iludir, porque o critério é acelerar o ritmo de trabalho e no final a dita compensação é quase sempre ZERO com o argumento de que um requisito (?) não foi cumprido. Então para quê o esforço adicional? … questionam os trabalhadores completamente frustrados (a história do coelhinho atras da cenoura).
Os trabalhadores não desistem da luta, porque não aceitam estar condenados a uma infinita exploração!
Em novembro do ano passado reuniram em plenário e aprovaram um caderno reivindicativo comprioridade para o urgente aumento dos salários face ao brutal custo de vida a todos os níveis.
As empresas receberam em correio registado a proposta dos trabalhadores, mas, não se dignaram a responder e muito menos disponíveis para abrir um canal de diálogo com o SINTTAV, sindicato com competência legal para os representar na defesa dos seus interesses.
JUL/2024NOS COMUNICAÇÕES
NOS
COMUNICAÇÕES
A única empresa que acedeu à persistência do SINTTAV na necessidade de reunir, foi a Randstad, a reunião acabou por acontecer, mas, apenas para cumprir calendário, porque os representantes da empresa estavam instruídos pela administração para exibirem a «cassete do choradinho» com os ingredientes dos efeitos da pandemia, da crise inflacionada, mercado difícil, concorrência agressiva e o mais importante era manter os clientes e no final de cada mês pagar certinho (salário mínimo nacional) aos trabalhadores, naquela logica de que «vale mais pouco do que nada»…
Contra factos não há argumentos que nos convençam!
“lucro da NOS cresce de 84,6% para 148,6 milhões até junho” É um facto indesmentível que o negócio de telecomunicações é claramente dos mais rentáveis a produzir muitos milhões, consegue superar todas as crises e curiosamente nas mais destacadas onde a necessidade de comunicação entre pessoas também se acentua, as receitas das grandes Operadoras atingem níveis extraordinariamente fabulosos, ou seja, todos ganham menos os trabalhadores que são os verdadeiros cúmplices da produção da riqueza.
Assim não, comentam os trabalhadores…
… Com toda a razão, tendo em conta que todos os dias estão à cabeça do negócio enfrentando todo o tipo de dificuldades, pressões, insultos, mas, mesmo com o estado psíquico praticamente esgotado, vão aguentando o pesadelo em defesa da manutenção do contrato de serviços em benefício neste caso da
empresa “NOS” e consequentemente da empresa prestadora de serviços à qual está vinculado, mas, na vida tudo tem limites e há sempre um momento para decisões.
Os trabalhadores estão decididos a lutar por melhores condições de trabalho Não continuar a trabalhar em ambiente de pressão constante, ameaça de despedimento, horários completamente desregulados e prejudiciais à saúde, obrigados a admitir insultos vindos do outro lado da linha para não serem duplamente prejudicados disciplinarmente, acrescentando a prestação de trabalho altamente qualificado para no final de cada mês receber o salário mínimo nacional e as empresas continuarem a sacar muitos milhões de lucros.
A indiferença das empresas à reivindicação dos trabalhadores, determinou a continuidade da luta.
Passados 7 meses sem resposta concreta das empresas ao caderno reivindicativo, os trabalhadores
reuniram em formato presencial e online com uma abrangência considerável de participantes, na qual se registou uma crítica muito vincada ao comportamento das empresas a revelar total desconsideração pela valorização do trabalho, decidindo continuar com a luta espelhada numa greve descontínua durante todo mês de agosto, e disponíveis para novas formas de luta a tratar no futuro, caso as empresas se mantenham indisponíveis para atender a razão da luta dos trabalhadores.
É um facto que o capital está nas mãos do patrão, mas a força do trabalho, de quem produz a riqueza, está do lado dos trabalhadores, são estes os principais cúmplices do desenvolvimento e sucesso da empresa. Por tal realidade indesmentível, os trabalhadores têm a «força toda» para exigir que sejam respeitados com uma justa distribuição da riqueza que produzem.