A central nuclear de Almaraz, no Estado Espanhol, é a central nuclear mais próxima de Portugal. Situa-se a apenas uma centena de quilómetros da fronteira. Os dois reactores nucleares entraram em funcionamento em 1981 e 1983, sendo dos mais envelhecidos do Estado Espanhol, o que levanta preocupações, agravadas pelos sucessivos incidentes registados. Não obstante, os Governos de Madrid têm respondido às autoridades regionais da Extremadura, tal como ao Governo da República Portuguesa, invocando "garantias de segurança".
Em maio de 2015, era noticiado o desleixo na vigilância contra incêndios na central nuclear. Pouco depois, no verão, a Greenpeace divulgava um estudo europeu sobre a aplicação dos mínimos de segurança estabelecidos depois do acidente de Fukushima, no Japão, em 2011. Para a organização, Almaraz não é segura e não se deveria permitir a manutenção da sua actividade". Há apenas dois meses, cinco inspectores do Conselho de Segurança Nuclear do Estado Espanhol vieram a público quebrar o silêncio. Depois da última vistoria à central nuclear, motivada por repetidas avarias nos motores das bombas de água, ficou claro que o sistema de refrigeração não dá garantias suficientes e que, dizem os técnicos, coloca sério risco de segurança. Almaraz é apresentada pela Greenpeace e várias associações ambientalistas portuguesas, como um caso extremo,
A central não cumpre pontos essenciais: não tem válvulas de segurança e sistemas de ventilação filtrada para prevenir uma explosão de hidrogénio como a que ocorreu em Fukushima; não tem dispositivo eficaz para contenção da radioactividade em caso de acidente grave; não tem avaliação de riscos naturais; não está sequer prevista a implantação de um escape alternativo para calor. Depois do relato dos inspectores, já se registou nova avaria e um incêndio.
As consequências de um acidente nuclear grave são enormes, com implicações na vida e na saúde de gerações, com contaminação em larga escala, pelo ar e pelo Tejo, podendo levar a um êxodo de populações, como em Fukushima e Tchernobil. A segurança das populações, fronteiriças e não só, vale mais do que os lucros dos acionistas da central (Endesa, Iberdrola e União Fenosa).
Actualmente, existem formas de produzir energia "amigas do ambiente", sem os riscos que uma central nuclear comporta, para a saúde e segurança das populações. Esta deveria ser a aposta dos países!
O perigo representado pela central nuclear de Almaraz não pode ser ignorado nem negligenciado, tendo em conta que o tempo útil de uma central nuclear é 25 anos. Esta central já deveria ter sido encerrada em 2010. É necessário que o Governo Português desenvolva todos os esforços junto das entidades espanholas no sentido de garantir o encerramento da central. O encerramento de Almaraz não é só a exigência das populações ameaçadas. É o único objetivo responsável para o Governo Português. Recentemente, Naoto Kan - primeiro-ministro japonês, aquando do acidente de Fukushima - defendeu o encerramento de "todas as centrais nucleares". Cinco anos após a tragédia, reconheceu que, antes do acidente, não concebeu que o Japão pudesse passar por semelhante cenário. Estas declarações demonstram que a prevenção é a única política sensata.
A CGTP-IN, pelas razões supra referidas, defende que o Governo Português intervenha junto do Governo Espanhol e de outras instâncias internacionais para que se proceda ao encerramento da Central Nuclear de Almaraz!