Estratégia da Navigator eleva estado de alertaOs trabalhadores das empresas do Grupo The Navigator Company elevaram o seu estado de alerta e esperam uma mudança de comportamento da administração, quanto à negociação do Regulamento de Carreiras Profissionais e à melhoria das remunerações, destaca-se num comunicado da Fiequimetal.

A federação, condenando a estratégia de propaganda da Navigator, avisa que a empresa deve ter em conta que a «paz social» (ou a normalidade das relações laborais) está duplamente condicionada:

- condicionada à finalização da negociação do Regulamento das Carreiras Profissionais, à sua aplicação efectiva e a que esta negociação e este novo Regulamento tragam reais melhorias para todos os trabalhadores (actuais e futuros);

- e condicionada a que, no presente ano, haja uma compensação salarial e melhoria das condições de vida dos trabalhadores, seja pela negociação dos Cadernos Reivindicativos e do Acordo de Empresa em 2020, ou seja porque, na negociação para o ano de 2021, se tenha em consideração a perda de rendimentos de 2020.

Os últimos plenários realizados em todas as fábricas do grupo vieram, uma vez mais, confirmar que os trabalhadores, face a um momento particular, são os primeiros a querer contribuir para as boas relações laborais e para a continuação do crescimento da empresa. Contudo, a empresa persiste em continuar a tomar medidas que só contribuem para o mal-estar, para o aumento do desconforto e desconfiança dos trabalhadores, atentando contra a sua inteligência e dignidade.

Uma vítima que paga

A reboque da COVID-19, a Navigator pretende convencer os trabalhadores de que o momento é tão difícil que «não foi possível implementar actualizações salariais gerais».

Mas, por outro lado, quer mostrar aos mercados a sua robustez financeira, divulgando que «está numa posição financeira confortável para remunerar adequadamente os seus accionistas».

Para reduzir os custos, a administração vitimiza-se com a COVID-19, procurando justificar os resultados menos positivos, o recurso aos apoios da Segurança Social, a delapidação dos dias de folga e férias dos trabalhadores, a castração de direitos e regalias dos trabalhadores e a recusa de negociar as actualizações salariais.

Mas, com o propósito de atrair investimento, dar confiança aos mercados e aos seus accionistas e alavancar o preço das suas acções em Bolsa, a mesma administração divulga uma informação muito positiva sobre a sua «saúde financeira», suportada com a divulgação dos resultados dos primeiros nove meses de 2020 e da intenção de distribuir perto de 100 milhões de euros em dividendos.

Dos direitos fazem «benefícios»

Com uma estratégia clara para manipular a opinião pública, muito bem servidos do apoio de vários órgãos de comunicação social, os patrões da Navigator propagandeiam que têm tido uma grande preocupação com os seus trabalhadores, beneficiando-os de variadíssimas formas.
Ardilosos, manipulam a opinião pública com mentiras, fazendo-a confundir benefícios com direitos.

Se a opinião pública, manipulada com desinformação e mentiras poderá ficar convencida e deslumbrada com tantos «privilégios», os trabalhadores não, porque:

• O esforço que os trabalhadores fizeram, ao sacrificar um terço do seu salário ou férias durante o período do lay-off, serviu para ajudar a robustecer a empresa!
• O Subsídio de Natal não é um benefício, é um DIREITO!
• As folgas acumuladas e as férias não são um benefício, são um DIREITO!
• A empresa ainda não pagou em 2020 qualquer prémio ou gratificação!
• As medidas implementadas, com efeitos a Janeiro de 2020, e que a empresa se gaba de serem benefícios atribuídos por boa vontade e sua livre iniciativa, não são mais do que a aplicação das reivindicações conquistadas pela luta dos trabalhadores, que teve a sua expressão nas GREVES de 2019!
• O comunicado da empresa sobre a actualização e uniformização do Complemento Adicional do Subsídio de Doença vem acompanhado de um ataque aos direitos adquiridos e aos usos e costumes, que, se não tivesse oposição, abriria a porta a mais retrocessos inaceitáveis.

FONTE: FIEQUIMETAL